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Todos nós estamos cansados de ver imagens parecidas com essas. Os egípcios desconheciam a perspectiva, que só seria inventada milênios depois de muitas dessas pinturas que sobreviveram aos tempos. Talvez por isso, a maciça maioria das pinturas egípcias estejam representando pessoas importantes, ou com alguma relação direta com o poder, e regra básica, todas de perfil.
Porém, no fim do século XIX, num oásis chamado Fayum, os arqueólogos fizeram uma estranha descoberta, que mudaria a compreensão da arte egípcia para sempre. Era uma série de retratos feitos por artistas egípcios, no estilo greco-romano, usando as técnica de pintura chamadas encáustica, que é uma pintura com cera pigmentada e a têmpera, que é a clara de ovo misturada aos corantes naturais. As pinturas tem como suporte a madeira ou peças de linho. Infelizmente, o período histórico que marcou os retratos de Fayum (descritos pelo historiador Plínio) não foi longo. Os hábitos relacionados aos enterros na Dinastia ptolemaica seguiam as antigas tradições. Os corpos dos membros das classes altas eram mumificados, colocados em caixões decorados e era também colocada uma máscara para cobrir a cabeça. Os gregos da região praticavam a tradição da cremação. Isso reflete a situação geral do Egito no Helenismo: os governantes se auto-proclamavam faraós, mas incorporavam apenas poucos hábitos locais, seguindo o estilo de vida grego. Tudo mudou com a chegada dos romanos. Em poucas gerações, todas as tradições gregas desapareceram, e com eles, a mumificação e também os retratos de Fayum.
Os retratos encontrados em Fayum foram datados como pertencentes de um período do 1º século aC ao 3º século dC. Posteriormente, outros exemplares foram encontrados em outras necrópoles, como Memphis (Saqqara), Philadelphia (Er-Rubayat and ‘Kerke’), Arsinoe (Hawara), Antinoopolis, Panopolis (Akhmim), Marina el-Alamein, Thebas e el-Hiba (Ankyronpolis) entre outras.
Ap que parece, a pintura desses retratos, teria sido feita enquanto as pessoas estavam vivas, mas tinham por objetivo serem colocadas sobre seus corpos mumificados, indicando visualmente quem e como era o morto. É também provável que, em tempo anterior à morte, fizessem parte da decoração da casa do retratado.
Uma característica bem peculiar desses retratos é que mostram as pessoas de frente ou em posição 3/4, como até hoje se dá na fotografia. Outra característica marcante é que os retratados não são faraós, divindades ou reis. Nem mesmo nobres. São pessoas comuns, de uma possível classe média-alta. A naturalidade e o realismo das pinturas, também é impressionante, além do fato de que todas parecem olhar direto para sua alma. Algumas pessoas dizem sentir uma estranha sensação de medo e até desespero quando olham nos olhos dessas figuras por demasiado tempo.
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